Do carvão à inteligência artificial: uma nova revolução da imagem
Desde as primeiras pinturas rupestres nas cavernas de Lascaux, o ser humano se comunica por imagens. Deuses foram desenhados em templos egípcios. Heróis ganharam forma em afrescos renascentistas. A fotografia democratizou o retrato. E com o Photoshop, o design virou pop. Agora, estamos diante de um novo salto criativo: a geração de imagens e vídeos por Inteligência Artificial — e tudo começa com uma simples frase digitada.
Imagine contar para uma máquina:
“Quero um leão dourado flutuando sobre o deserto do Saara, estilo Art Déco.”
E segundos depois, ela te entrega isso. Em alta resolução. Com composição impecável.
Ferramentas como Midjourney, Sora, Runway, Visual Electric e tantas outras estão abrindo portas para um mundo onde ideias visuais não precisam mais de lápis, câmera ou pincel. Basta um prompt bem escrito.
Se isso parece exagero, vale lembrar: a fotografia também foi vista como ameaça aos pintores no século XIX. O cinema mudo sofreu críticas por “roubar a magia do teatro”. A digitalização assustou artistas gráficos nos anos 1990. Spoiler: nenhuma dessas tecnologias matou a arte — apenas mudou suas ferramentas.
Agora, estamos vivendo uma nova virada. Só que, desta vez, em ritmo de upload.
A geração de imagens por IA já está sendo usada por agências de publicidade, estúdios de cinema, professores, jornalistas, pequenos empreendedores e até artistas independentes para criar universos visuais inteiros sem sair da cadeira. O impacto disso não é só estético — é estratégico.
🎨 A nova paleta de ferramentas criativas
Quer criar um cavalo galopando no espaço sideral, em aquarela, com cara de capa da Heavy Metal? O Midjourney entrega. Essa IA, baseada em geração de imagem por texto, virou queridinha de designers e artistas digitais. Funciona via Discord (sim, aquela plataforma de gamer) e o nível de detalhe é absurdo.
Pra que usar: concept art, storyboards, posters, experimentos visuais, thumb para pitchs de campanha, ideias malucas no happy hour criativo.
Se o Midjourney é um ilustrador com mil estilos, o Sora é um diretor de fotografia com acesso ao multiverso. Ele transforma texto em vídeo realista, com profundidade de campo, movimento de câmera e até interação de objetos físicos. Ainda está em acesso restrito, mas já deu um gostinho do que vem por aí: vídeos 100% criados por IA, com cara de blockbuster indie.
Spoiler: vai mexer com publicidade, produção audiovisual, jornalismo e até pré-produção de filmes.
Essa é a mais hipster da turma — com visual refinado e focada em interfaces amigáveis para designers. A ideia por trás da Visual Electric é: "como seria um Figma + IA + estética editorial?". Ela aposta em colaboração e refinamento visual com mais controle sobre o resultado final. Ideal pra quem quer fugir do caos visual e ter algo mais ajustado, clean e editorial.
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Runway ML – edição de vídeo com IA, substitui green screen, anima objetos, faz tracking de câmera.
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DALL·E 3 – o primo nerd da OpenAI que entende bem as entrelinhas dos prompts.
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Adobe Firefly – pra quem vive no ecossistema Adobe, traz IA generativa embutida no Photoshop e Illustrator.
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Leonardo AI – muito usada para criar personagens, cenários e mockups de games ou produtos.
✍️ Tá, mas como eu crio algo legal com essas ferramentas?
A real é que IA boa responde a prompt bom. E escrever prompt é quase uma nova arte (tem até cargo pra isso: prompt engineer).
Dicas de ouro:
– Seja específico: “homem olhando o mar” é vago. Melhor: “homem idoso de chapéu panamá observando o pôr do sol em Ipanema, estilo pintura impressionista, luz dourada”.
– Use referências visuais ou estéticas: “in the style of Wes Anderson”, “digital painting”, “moody lighting”, “flat lay photography”.
– Explore a estrutura: planos de fundo, emoção do personagem, época, cor dominante.
– Teste e itere: uma palavra muda tudo.
🧠 E como isso ajuda no dia a dia?
– Pitch mais rápido: ideia saiu da cabeça → prompt → imagem → “toma aqui, cliente”.
– Variedade criativa: 10 versões de uma mesma ideia sem gastar horas no Photoshop.
– Conteúdo para redes sociais: visual criativo sem depender de banco de imagens repetitivo.
– Storyboards e moodboards: monte tudo em minutos com visual alinhado à proposta.
⚠️ Spoiler com responsabilidade: nem tudo são pixels cor-de-rosa
IA não é varinha mágica. Ela precisa ser guiada. Além disso:
– Algumas imagens podem sair meio “estranhas” (tipo mãos com 8 dedos, embora isso esteja melhorando).
– Direitos autorais ainda são um terreno nebuloso.
– O uso indiscriminado pode nivelar por baixo o design, se cair no automático.
Mas com criatividade + curadoria humana, o resultado pode ser brilhante.
A IA não vai roubar seu job, mas pode virar seu braço direito
Ferramentas como Midjourney, Sora e Visual Electric não vieram substituir ninguém — vieram acelerar processos e potencializar ideias. Cabe a quem cria aprender a brincar com elas, testar possibilidades e manter aquele olhar crítico que diferencia uma imagem qualquer de uma peça memorável.
E cá entre nós: quem não gostaria de ter um estagiário que nunca dorme, entende referência obscura de design e entrega tudo em 30 segundos?